Em Busca de um Herói

Em 2007 lança nos cinemas a história de Beowulf, um herói nórdico de força e coragem excepcionais. Ele destrói um grande monstro e salva todo um povo. Mas o filme, de certa forma, diz que o monstro fora criado pelo próprio povo que, agora, rezavam por um herói para destruir a maligna criatura. Hoje, porém, já criamos monstros demais e estamos rezando por um herói.

A sociedade de hoje vive um caos silencioso, onde a gradação é freqüente e nós, nada podemos fazer. Estamos sendo banhados e destituídos por um povo que só é movido a violência e prostituição. O altruísmo tem se tornado tão ausente que somos capaz de ajudar um cego atravessar a rua sem cobrar por isso, de certa forma. Nossa segurança e imagem nas mãos de políticos corruptos e grandes golpistas: pessoas imunes às leis e punições.

Como se não bastasse, somos rotulados como iguais, por mais generoso que você seja está rotulado igual a assassinos, estupradores e pedófilos. É um abismo que parece não ter fim. O dinheiro gasto com criação e circulação de armas é o dinheiro que poderia colocar todas as crianças na escola, um café da manhã na mesa de cada família do mundo e ainda trazer segurança para as cidades mais perigosas que existem, isso por uma ou duas centenas de anos.

O que fazer? Assistir tudo passiva e calmamente? Rezar? Protestar? Talvez um herói deve surgir. Você já pode até imaginar ele vindo sustentado por um passado glorioso e coragem desmedida, capaz de enfrentar qualquer opressão e destituir a corrupção, pegando e punindo severamente esses intocáveis políticos e lideres. Instituiria justiça e prosperidade a todas as nações da Terra. Destruiria todo sistema de burocracia e imporia respeito para que ninguém ousasse roubar ou se corromper. Ninguém mais precisaria temer violência e a vida seria bela para todos. Esse herói é a razão de todo nosso clamor, de todas nossas suplicas. É uma idéia maravilhosa, não é?

Talvez, ela seja mais terrível do que se imagina. Um velho ditado diz “Para quem sabe ler, um pingo é letra” e a partir disso acredito que já tenham entendido o que estou falando. Mas para os que ainda, compreensivelmente, não entendeu a mensagem oculta vou afirmar que heróis como esses já passaram pelo planeta Terra, hoje ainda há nações que os clamam e eles continuam surgindo. Para melhor ilustração vou contar uma história real.

O ano é de 1918, onde é declarada a vitória da primeira guerra mundial à Tríplice Aliança (( Rússia, Inglaterra e a França )) sobre a Tríplice Entente (( Império Austro-Húngaro, Alemanha, Itália )). Debaixo de uma Alemanha ferida e destruída, quase que dominada pelos inimigos surge um homem que pode mudar os rumos da história, um homem que deseja punir os que venceram sua pátria, um homem que deseja tornar o mundo uno e, não mais, dividido entre raças e religião. O saldo final do ato heróico desse homem foi de 55 milhões de vidas – 25 milhões de combatentes e 30 milhões de civis – e mais de 1 trilhão de dólares. Tudo isso para que reinasse os valores e crenças particular de um só homem: Adolf Hitler.

Que aprendamos a usar o poder e tenhamos sabedoria ao agir, pois uma pessoa que gosta tanto do azul e odeia o bege, enquanto outra adora o bege e acredita que o azul faz mal para os olhos, se uma delas recebesse o poder absoluto o mundo ficaria de apenas uma cor, tornando injusto para os que não gostam desta (( mesmo que seja a minoria )). Esse exemplo grotesco expressa que os super heróis são justamente os que não usam mascaras, os que não lutam por um ideal pessoal, mas os lutam pensando primeiro nos outros.

Não importa se o coração é bom, se os desejos são bons ou se as boas ações e igualdade sejam predominantes. Porque toda vez que um único ser humano tem o poder absoluto de controle sobre os outros para transformar a população no seu modelo ideal de sociedade, ele irá cometer injustiças, irá causar mais tristezas e irá criar mais monstros.